Nº de páginas: 242
Preço (Bertrand): 16,50€
Editora: Gailivro
Coleção: 1001 Mundos
Ano de lançamento: 2011
“Uma coleção de contos de Vampiros organizada pela P.C. Cast. As intervenientes são:
Rachel Caine regressa ao cenário da sua série de vampiros de «Morganville», cidade onde mandam os vampiros e o amor é uma iniciativa de risco, mesmo quando se trata de própria família.
A autora de «Tantalize», Cynthia Leitich Smith oferece-nos um triângulo amoroso entre um vampiro, um fantasma e uma rapariga humana que ninguém é o que parece ser.
Claudia Gray leva-nos ao mundo da sua série «Evernight», em que uma futura concubina é alvo das atenções de um homem pálido e, de cabelo castanho, que pode ser demasiado perigoso, e de várias maneiras, quando é rejeitado.
A autora de «Academia de Vampiros», Richelle Mead traz-nos a história de uma jovem vampira que está a fugir da sua espécie e do rapaz humano que põe à sua disposição o carro em que ela pode escapar… e um motivo para continuar a fugir.
Nancy Holder, autora da série «Wicked», leva-nos a uma Nova Iorque pós-apocalíptica onde dois grande amigos são obrigados a tomar uma decisão que pode matá-los.
Rachel Vincent explora um novo ângulo da sua série «Soul Screamers» com a história de uma leanan sidhe capaz de inspirar o música que ama e de aumentar a sua criatividade… secando-o.
A celebrada autora de histórias fantásticas, Tanith Lee mostra-nos o que acontece quando uma jovem inteligente e com alguns conhecimentos sobrenaturais encontra um jovem vampiro desorientado (mas encantador).
E Kristin Cast, coautora da série «House Of Night», apresenta-nos a uma nova espécie de vampiro, com raízes na mitologia grega e o poder de alterar o espaço e o tempo para salvar a rapariga que o destino quer que ele ame”
O meu comentário:
Uma obra que nos traz as criaturas míticas mais famosas da atualidade – os vampiros – iniciando-se da melhor forma com um comentário muito interessante e divertido da autoria de P.C. Cast, a autora que organizou este livro, dando oportunidade às suas colegas de mostrarem porque são consideradas fenómenos mundiais…
Amor de Fantasma – Cynthia Leitich Smith
Neste primeiro conto, Cynthia, uma autora até então desconhecida para mim, apresenta-nos Cody, um rapaz que teve uma infância difícil depois da morte da sua mãe, tendo ir viver com o seu tio. Uns anos mais tarde este houve falar de um fornecedor de uma bebida que o faria mais forte, podendo assim defender-se dos ataques do seu guardião. Porém, quando este se alimenta do produto desejado este acaba por se tornar em algo que pensava não existir – torna-se num vampiro.
Agora com o novo poder este acaba por pôr fim à vida do homem que tanto temia, passando a tomar conta das suas coisas, estando entre estas o velho cinema da comunidade, um cinema que dizem ser assombrado pelo espírito de uma rapariga aí assassinada – Sonia.
Entretanto, não ligando e até achando piada aos rumores, Cody decide seguir em frente com a abertura desse local de passagem de filmes, contratando uma humana recém chegada a Spirit, uma rapariga que é muito mais do que simplesmente aparenta.
Quem não gosta nada da nova aquisição é o fantasma do local que tudo faz para a expulsar de perto de si e de Adam…
Uma história que ao início aparenta seguir um determinado rumo, mas que no final nos surpreende totalmente com a verdadeira identidade de uma das personagens.
Da Cor do Âmbar – Kristin Cast
Kristin Cast, uma autora que aprecio por se tratar de uma das autoras da saga «Casa da Noite», traz-nos, desta vez, a história de uma rapariga, Jenna, que se prepara para mais a primeira enquanto finalista. Porém, algo de muito estranho acontece – quando esta se encontrava no autocarro a caminho do seu destino, esta encontra um belo rapaz que vem ter com ela e que lhe diz para o encontrar, acordando seguidamente na sua cama começando toda a preparação para a festa, novamente.
Todavia, desta segunda vez ela apercebe-se de algo diferente, esta encontra-se a sangrar algo âmbar. Mais tarde, quando se encontra no meio de transporte público, ela reencontra o rapaz misterioso que lhe mostra o que realmente aconteceu, esta, da primeira vez, perdeu a vida tendo-se tornado, tal como ele, num vampiro – um criatura da noite que se alimenta de energia. Alekos também a informa de que foi incumbido de protegê-la e que ambos têm de combater as criaturas mais maléficos restaurando-as ao temível local de onde fugiram – os subsolos.
Assim, juntos acabam por partir no seu primeiro trabalho, sendo o primeiro monstro Paul, o atual namorado da mãe de Jenna e as coisas não parecem estar muito bem para os seus lados…
Uma maneira interessante de vermos os famosos predadores, dando-nos a autora uma razão totalmente diferente para a sua existência e uma forma de alimentação muito bem pensava, afastando-se e muito da tradicional.
O Morto, O Meu Pai e Eu – Rachel Caine
Neste terceiro conto, somos presenteados com uma viagem a Morganville, uma terra nos Estados Unidos, onde os vampiros, os humanos e os zombies vivem numa espécie de “harmonia”, sabendo da existência uns dos outros.
No meio dos habitantes vivos e não-vivos dessa população vive Shane, um jovem humano que possui grandes laços afetivos com as outras espécies místicas. Porém, o seu pai não pensa da mesma maneira, mandando um zombie raptá-lo com o intuito de lhe fazer a grande proposta de o ajudar a erradicar com os bebedores de sangue, visto que ainda os culpa pela perda da sua mulher. Ainda por cima, para o conseguir este necessita de sangue de vampiro e o presenteado com o enclausuramento foi Michael, o melhor amigo de Shane.
Irá Shane colocar-se ao lado do único parente que possui ou irá optar por defender a sua honra e aquilo que acha totalmente correto?
Uma história interessante trazendo-me um mundo que já tinha ouvido falar, mas que ainda não tinha tido experiência de conhecer, ficando este enredo posicionado, sem sombra de dúvidas, atrás dos dois anteriores na lista de preferências.
Boas Maneiras – Tanith Lee
Neste quarto conto, chega-nos Lelystra (Lel), uma jovem que é aconselhada pelo pai a ir a uma festa numa bela mansão, festa essa onde ela se depara com um belo rapaz que aparenta ter 22 anos. Porém, esta facilmente se apercebe que ele é mais do que leva a crer, sabendo, logo no momento em que o vê, que este se trata de um vampiro.
Seguindo-o quando este parti-a para o jardim com uma jovem humana de quem se tencionava alimentar, esta confronta-o com a sua verdadeira identidade, ficando a descobrir diversos pormenores sobre a sua vida: o vampirismo é algo que está presente nos genes, tal como a cor do cabelo, dos olhos, sendo essa a única maneira de uma pessoa pertencer a essa espécie, não sendo verdade aquelas histórias onde uma mordida de um imortal pode levar a vítima a fazer parte do mundo da noite.
Todavia, a conversa não dura muito, pois Anthony parte transformado em lobo depois da jovem lhe ter falado de seu pai e lhe ter entregado um cartão com a sua identificação e contacto, achando este que se tratava de uma armadilha e que esta deseja caçá-lo.
A partir daí o leitor assiste a uma grande reviravolta descobrindo que afinal Lel e o seu pai também pertencem ao grupo restrito e secreto de Anthony, sendo até aparentados a Drácula. Também descobrimos que todos aqueles mitos do sol, da água benta, do alho, dos crucifixos… e até mesmo do sangue não são a realidade tendo só ficado na mente dos imortais, assustando-os, depois de tantos crentes.
Mais um conto que soma pontos e ganha mais uma admiradora, deixando os leitores totalmente estupefactos e admirados com as boas ideias da autora que dá aos vampiros uma outra dimensão e uma diferente credibilidade.
Lua Azul – Richelle Mead
Richelle Mead, uma autora já conhecida por trabalhos mergulhados no vampirismo, traz-nos um mundo em que os vampiros dão a cara escravizando, de certa forma, toda a espécie humana.
Quem não se conforma com esse facto é Nathan, um jovem humano que detesta tudo o que esteja relacionado com essa raça imortal que fez mal à sua adorada família, até que conhece Lucy, a filha fugitiva do maior magnata vampírico da cidade. Estranhamente ela inspira-lhe uma confiança que nunca nutriu por outro ser, nem mesmo por um humano, resolvendo embarcar com ela na tentativa de escaparem ao seu terrível destino – esta é a vampira em causa de uma profecia que afirma que esta é a única capaz de fazer com os humanos ganhem a capacidade de terminar com a sua espécie, o que faz com que esta seja perseguida até pela própria família que a deseja matar a sangue frio.
Outro conto que ajuda a complicar as coisas. Cada vez torna-se mais complicado escolher o conto mais interessante e mais original da obra, transportando-nos, cada um deles, para um mundo diferente onde nos são inspirados sentimentos distintos e onde temos uma visão totalmente diferente da raça sobrenatural em causa.
Transformação – Nancy Holder
Neste sexto e antepenúltimo conto, Holder traz-nos uma Nova Iorque pós-apocalíptica onde os vampiros dominam todo o mundo, sendo os responsáveis pela destruição em massa da espécie humana.
No meio dessa confusão, uma rapariga de dezasseis anos, Jilly, percorre toda a cidade, mesmo colocando a sua vida em perigo, à procura do seu melhor amigo, sendo ele tudo o que lhe resta depois de ter assistido à morte de ambos os seus progenitores.
Entretanto, esta acaba por encontrar Eli, o rapaz que sempre fez suspirar o seu coração, mas que, infelizmente nunca poderá ser algo mais que o seu melhor amigo, visto que este é homossexual sendo comprometido com Sean, um jovem matreiro que a odiava secretamente. Ambos estavam em segurança em casa do Stein, mas o jovem resolve partir em buscar do seu companheiro, acabando Jilly por segui-lo.
Todavia, as coisas complicam-se totalmente quando estes finalmente encontram o objeto da sua intensa procura – Sean foi transformado num vampiro – e, no meio de toda a sua raiva, este faz-lhes um apelo – decidir quem este irá transformar num vampiro e quem irá servir-lhes, posteriormente, de refeição. Deveras uma decisão muito difícil de tomar…
Um conto muito rebuscado que não se baseia essencialmente no vampirismo, mas sim numa relação de paixão/amizade condenada, levando as personagens a sofrer e colocando-as em posições muito caricatas.
Voragem – Rachel Vicent
Nesta penúltima história a autora traz-nos duas amigas totalmente diferentes do resto da sociedade, Andi é uma espécie de sereia e Mallory trata-se de uma leanan sidhe, que na sua misticidade encontram refúgio e segurança uma na outra impondo limites aos seus atos.
Certa noite, estas deslocam-se a uma festa, onde tudo acontece… Andi sobe ao palco, utilizando o seu canto como forma de recolher a energia que necessita para continuar se alimentar. Entretanto, Mallory conhece Evan, um rapaz muito especial que vem a descobrir tratar-se do seu génio musical, podendo finalmente fazer aquilo a que está destinada – a sua espécie trata-se de um conjunto de musas, que oferecem inspiração a um artista, em troca do seu amor, da sua devoção e da sua energia. O grande problema é que se a música feita por ambos se prolongar, Evan pode tornar-se totalmente louco ou até mesmo perder a sua vida.
Uma história que me espantou totalmente, principalmente porque estava à espera de vampiros e não de “sereias” e uma espécie de fadas pertencentes à cultura celta. Contudo, acho que valeu a pena a sua leitura aprendendo sobre as leanan sidhe que totalmente desconhecia.
Livre – Claudia Gray
Por fim, chega a vez de Gray encerrar esta obra com um conto que, de certa forma, me fez lembrar de «Drácula», apesar de os pontos em comum serem mesmo raros.
Neste conto acompanhamos uma jovem concubina que é obrigada pela mãe a participar em bailes, esperando que algum homem branco a escolha como entretenimento até arranjar uma companheira da sua cor.
Porém, todo esse mundo e essa falta de liberdade magoam-na, visto que se sente totalmente atraída e apaixonada pelo ferreiro, acabando por ter de desistir de todo esse sentimento graças às regras da sociedade em que está inserida.
E as coisas não ficam por aí, pois esta, no seu primeiro baile, conhece um homem um pouco estranho que rapidamente se interessa por esta, visitando-a, durante a noite, acabando por revelar a sua verdadeira natureza – este é um vampiro… - e deseja torna-la na sua companheira.
Uma obra interessante e que, na minha opinião, supera outros livros de contos do género, como por exemplo «Danças Malditas», havendo já, em relação a este, um amadurecimento das histórias, não havendo nenhuma que seja um pouco forçada e com um enredo incompreensível.
“Histórias de amor para cravar o dente”